domingo, 27 de maio de 2012

*A vida Sexual dos Selvagens - Malinowski





Ao introduzir o texto, Malinowski nos fala sobre a escolha do título dizendo que o intuito de ser natural e simples é para contribuir com a reabilitação do termo sexual, de que tanto se tem abusado. E para revelar o que realmente o leitor irá encontrar. O autor faz uma certa comparação, em relação aos europeus, ao dizer que o sexo para os habitantes da ilhas do pacífico não é uma simples questão fisiológica. Ele implica o amor e o namoro. É o núcleo das instituições e inspira a arte. Constitui a fonte de sua magias e sortilégios.

A exposição dos fatos essenciais da vida, segundo o autor, devem ser expostos de maneira simples e completa, embora numa linguagem científica. Com esse procedimento, a pesquisa não ofenderá os leitores. É interessante a justificação de Malinowski sobre as comparações que iremos encontrar em seu texto. O autor diz que recorreu a elas, pois para explicar fatos estranhos é indispensável traduzi-los em fatos familiares. Explica que a arte e a dificuldade do trabalho de campo sociológico consiste em partir dos elementos familiares na cultura estrangeira, e aos poucos transformar o estranho e o diferente em um esquema compreensível.

Malinowski delimita a sua abordagem no capítulo I: "O homem e a mulher nas ilhas Trobiand, suas relações no amor, no casamento e na vida tribal". A atração pelo outro sexo e os episódios passionais que dela decorrem, para uma pessoa de qualquer sociedade, constituem-se nos acontecimentos mais significativos de existência humana, afirma o autor. Desse modo, aquilo que significa a suprema felicidade para o indivíduo deve ser considerado um fator básico para o estudo cientifico da sociedade humana.

As práticas amorosas, segundo o autor, são influenciadas pelo modo como os sexos se encaram um ao outro, em público ou em particular. Também são influências de suas situações respectivas em leis e nos costumes tribais, pela maneira como participam de jogos e divertimentos, e pela parcela que cabe a cada um na labuta do dia-a-dia. Malinowski chama atenção para as relações de um trobiandês com seu pai, sua mãe e o irmão de sua mãe, por ser o núcleo do sistema direto materno ou matrilinearidade, e também por esse sistema governar toda a vida social dos nativos.

Ao iniciar o capítulo V, o autor nos diz que o marido e a mulher, na ilhas Trobriand, levam sua vida em estreito companheirismo. Trabalham lado a lado, partilham alguns dos deveres domésticos e passam uma boa parte do seu lazer juntos. Reciprocidade e harmonia reinam em suas relações. Os meses iniciais do casamento não apresentam, para os nativos, interesses predominantemente sexuais. A mudança de status social e a alteração que se processa em suas relações são as suas maiores preocupações. As primeiras noites do casamento constituem um período de abstinência sexual, pois o casal passandoa morar na casa dos pais se sentem constrangidos diante dessa situação. É interessante a abordagem de assuntos comuns aos nossos dias, como o ciúme e o adúlterio. Esses que são os dois fatores da vida tribal que mais põem à prova o vínculo matrimonial dos nativos.

  O autor nos conta histórias que provam a existência de fortes paixões e sentimentos complexos entre os nativos. Examinando o casamento sob seu aspecto doméstico e do ponto de vista das obrigações econômicas e legais que ele impõem à família da mulher ao casal e falando sobre os efeitos decorrentes da poligamia do chefe exercidos sobre a vida pública e política, é o  resumo do capítulo V para o próprio autor.A pesquisa de Malinowski sobre "A vida sexual dos selvagens"  nos incentiva a uma possível etnografia sobre práticas sexuais atuais que causam preconceitos em nossa sociedade. Durante a leitura, percebemos a preocupação do autor em não distinguir o que é bom ou ruin, mas nos transmitir os reais valores em cada atitude cultural dos nativos.

Brenda Rodrigues.

 (A pesquisa de Malinowski foi realizada no Noroeste da Melanésia)



Fonte Bibliográfica: 
MALINOWSKI, Bronislaw. A vida Sexual doas Selvagens. Rio de Janeiro: F. Alves , 1982.

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