Ao introduzir o texto, Malinowski nos fala sobre a escolha do título dizendo que o intuito de ser natural e simples é para contribuir com a reabilitação do termo sexual, de que tanto se tem abusado. E para revelar o que realmente o leitor irá encontrar. O autor faz uma certa comparação, em relação aos europeus, ao dizer que o sexo para os habitantes da ilhas do pacífico não é uma simples questão fisiológica. Ele implica o amor e o namoro. É o núcleo das instituições e inspira a arte. Constitui a fonte de sua magias e sortilégios.
A exposição dos fatos essenciais da vida, segundo o
autor, devem ser expostos de maneira simples e completa, embora numa linguagem científica.
Com esse procedimento, a pesquisa não ofenderá os leitores. É interessante a
justificação de Malinowski sobre as comparações que iremos encontrar em seu
texto. O autor diz que recorreu a elas, pois para explicar fatos estranhos é
indispensável traduzi-los em fatos familiares. Explica que a arte e
a dificuldade do trabalho de campo sociológico consiste em
partir dos elementos familiares na cultura estrangeira, e aos poucos transformar
o estranho e o diferente em um esquema compreensível.
Malinowski delimita a sua abordagem no capítulo I:
"O homem e a mulher nas ilhas Trobiand, suas relações no amor, no
casamento e na vida tribal". A atração pelo outro sexo e os episódios
passionais que dela decorrem, para uma pessoa de qualquer sociedade,
constituem-se nos acontecimentos mais significativos de existência humana,
afirma o autor. Desse modo, aquilo que significa a suprema felicidade para o
indivíduo deve ser considerado um fator básico para o estudo
cientifico da sociedade humana.
As práticas amorosas, segundo o autor, são
influenciadas pelo modo como os sexos se encaram um ao outro, em público ou em
particular. Também são influências de suas situações respectivas em leis e
nos costumes tribais, pela maneira como participam de jogos e divertimentos, e
pela parcela que cabe a cada um na labuta do dia-a-dia. Malinowski
chama atenção para as relações de um trobiandês com seu pai, sua mãe e o irmão
de sua mãe, por ser o núcleo do sistema direto materno ou
matrilinearidade, e também por esse sistema governar toda a vida social dos
nativos.
Ao iniciar o capítulo V, o autor nos diz que o
marido e a mulher, na ilhas Trobriand, levam sua vida em estreito
companheirismo. Trabalham lado a lado, partilham alguns dos deveres
domésticos e passam uma boa parte do seu lazer juntos. Reciprocidade e harmonia
reinam em suas relações. Os meses iniciais do casamento não apresentam, para
os nativos, interesses predominantemente sexuais. A mudança de status social e
a alteração que se processa em suas relações são as suas maiores
preocupações. As primeiras noites do casamento constituem um período de
abstinência sexual, pois o casal passandoa morar na casa dos pais se sentem
constrangidos diante dessa situação. É interessante a abordagem de
assuntos comuns aos nossos dias, como o ciúme e o adúlterio. Esses que são os
dois fatores da vida tribal que mais põem à prova o vínculo matrimonial
dos nativos.
O autor nos conta histórias que provam a existência
de fortes paixões e sentimentos complexos entre os nativos. Examinando o
casamento sob seu aspecto doméstico e do ponto de vista das obrigações
econômicas e legais que ele impõem à família da mulher ao casal e falando
sobre os efeitos decorrentes da poligamia do chefe exercidos sobre a vida
pública e política, é o resumo do capítulo V para o próprio autor.A
pesquisa de Malinowski sobre "A vida sexual dos selvagens" nos
incentiva a uma possível etnografia sobre práticas sexuais atuais que
causam preconceitos em nossa sociedade. Durante a leitura, percebemos a
preocupação do autor em não distinguir o que é bom ou ruin, mas nos transmitir
os reais valores em cada atitude cultural dos nativos.
Brenda Rodrigues.
(A pesquisa de Malinowski foi realizada no Noroeste da Melanésia)
Brenda Rodrigues.
(A pesquisa de Malinowski foi realizada no Noroeste da Melanésia)
Fonte Bibliográfica:
MALINOWSKI, Bronislaw. A vida Sexual doas Selvagens. Rio de Janeiro: F. Alves , 1982.
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