sábado, 23 de junho de 2012

* Resumo do texto 'As limitações do método comparativo' Franz Boas.


A inovação no estudo antropológico, limitando-se em pesquisar sobre as leis que governavam o desenvolvimento da sociedade e fundamentada na observação de que os mesmos fenômenos étnicos ocorreriam entre os mais diversos povos, fez surgir um crescente interesse público na Antropologia. Anterior a esse novo método de pesquisa acreditava-se que a antropologia não poderia fazer mais do que registros de costumes e crenças de povos estranhos.

Segundo Boas, antes desse novo método, identidades ou similaridades culturais eram consideradas provas incontroversas de conexão histórica ou mesmo de origem comum, a nova concepção de pesquisa se recusou a considera-las como tal, interpretando-as como resultado uniforme da mente humana.

Em relação às ideias universais das diferentes sociedades, o autor diz que sua descoberta é apenas o inicio do trabalho antropológico e propõe a indagação de duas questões: quais são suas origens? Como elas se afirmaram em várias culturas? Em relação à segunda questão, Boas afirma que ideias não existem de forma idêntica por toda parte, pois elas variam. Para ele as causas dessas variações são externas, baseiam-se no ambiente em seu sentido mais amplo e internas fundadas sobre condições psicológicas.

Em relação à primeira questão, Boas enfatiza a dificuldade de tratar sobre as causas que levaram à formação de ideias que se desenvolveram em diferentes lugares habitados pelo homem. A dificuldade de explicar esse fenômeno levou ao surgimento da concepção de que os mesmos fenômenos etnológicos devem-se sempre as mesmas causas.

Para Boas “quando se compara fenômenos culturais similares de várias partes do mundo, a fim de descobrir a história uniforme de seu desenvolvimento, a pesquisa antropológica supõe que o mesmo fenômeno etnológico tenha-se desenvolvido em todos os lugares da mesma maneira.” O autor critica esse método comparativo e diz que “Até o exame mais superficial mostra que os mesmos fenômenos podem se desenvolver por uma multiplicidade de caminhos.”

O autor fundamenta a sua critica através dos exemplos das organizações  totêmicas da sociedade, da arte primitiva e do uso de máscaras como sendo características comuns a diversos povos, mas que não se originaram pelos mesmos fatores. Para Boas, o mesmo fenômeno étnico pode se desenvolver a partir de diferentes fontes.Descobrir os processos pelos quais certos estágios culturais se desenvolveram é um dos objetivos principais da pesquisa antropológica na concepção de Boas. O autor nos diz que os defensores do método comparativo não consideram as diferenças entre o uso indiscriminado de similaridades culturais para provar uma conexão histórica e o estudo detalhado dos fenômenos locais.

Boas critica a similaridade cultural através do ambiente geográfico.  Para ele o meio ambiente exerce um efeito limitado sobre a cultura humana e não encontra fatos que sustentem que o meio seja o modelador primário da cultura. Argumenta que muitos dos povos mais diversos em termos de cultura e linguagem vivem sob as mesmas condições geográficas. Para o autor a comparação histórica de desenvolvimento é muito mais segura do que o método comparativo que estava sendo utilizado, pois esse último baseava-se em deduções primícias.

O autor finaliza enfatizando que o método comparativo somente atingirá seus objetivos quando basear suas investigações nos resultados históricos de pesquisas dedicadas a esclarecer as complexas relações de cada cultura individual. Boas afirma que o método de pesquisa não terá resultados significativos enquanto não renunciar ao propósito de construir uma história sistemática uniforme da evolução da cultura e enquanto não começar a fazer as comparações sobre bases mais amplas e sólidas, que ele se aventurou a esboçar.

 Brenda Rodrigues.

 Referência Bibliográfica:
BOAS, Franz. Antropologia cultural. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2010.

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